segunda-feira, 11 de setembro de 2017

No lugar da leitura: biblioteca e formação

Aproxime-se do pensamento do professor Luiz Percival Leme Britto. O Movimento por um Brasil Literário publicou um livro digital gratuito com quatro textos do professor intitulado "No lugar da leitura: biblioteca e formação". 

"Percival trata a leitura, a formação do leitor em diálogo com a arte, com a história, com a filosofia, com a política, apresentando a biblioteca para além do óbvio. Isso só é possível para quem, como ele, é estudioso determinado a ir atrás do que o inquieta, acompanhado do rigor científico, estabelecendo as relações teóricas além do visível. Afastando-se das aparências, mas considerando-as, debruça-se, intensamente, na busca da essência das coisas, desvelando o que não é fácil de observar à primeira vista, apreendida na leitura de tantos outros pensadores dos quais se alimenta e aos quais faz referências, motivando-nos a ir às fontes que o inspiram." afirma Elizabeth Serra, presidente do MBL, na apresentação do livro.

Para conhecer o Movimento por um Brasil Literário e fazer o download gratuito do livro "No lugar da leitura: biblioteca e formação", clique aqui.  

Leia um pequeno trecho do livro:

"Muito frequentemente, tem-se associado nas campanhas de promoção da leitura ler com prazer e satisfação. Incute-se nos bordões promocionais a sugestão de que ler seria fácil e bastaria querer, e que qualquer um pode ler qualquer coisa, e que qualquer leitura é legítima. 

Investir nessa forma de leitura fácil, cuja raiz está numa certa ingenuidade militante de sempre fazer valer o bem, não parece levar a parte alguma. Reproduzindo modelos convencionais e rígidos de percepção da vida, da arte e do mundo, essa postura não contribui nem para a formação de novos leitores, nem para ampliação do direito à literatura, nem para a difusão da cultura.
 

Tampouco é o caso de insistir na leitura conforme o gosto. Trata-se de outro grande equívoco pedagógico: o de sobrevalorizar o gosto pela leitura, principalmente quando o gosto se referencia na
cotidianidade e no entretenimento. 


O gosto não é a manifestação de determinações biológicas ou genéticas, nem é fruto de uma aprendizagem autodirigida e imanente; gosto se aprende, se muda, se cria, se ensina. Gosto se aprende, se critica, se renova. Se a pessoa só interage com arte fácil e de consumo e se educa neste ambiente, não tem como considerar outras formas de expressão e de recepção do objeto estético.
 

Ler, para além do que já somos, ler como experiência e possibilidade de por ela se modificar, supõe a posse de conhecimentos que muitas vezes não são de domínio imediato, exigindo desprendimento, abertura, determinação, disciplina. Sem disposição para ler e sem a compreensão do que seja  literatura, a pessoa rapidamente passa a acreditar que tal livro é chato e que a história não prende a atenção e que o autor está enrolando.
 

Se o que se busca é promover a leitura como valor, é imperativo encontrar estratégias mais densas e mais fundamentadas de estimular a leitura, reconhecendo que ler, em muitas situações, é difícil e que a satisfação que daí se pode retirar é de natureza muito distinta da que oferece o entretenimento cotidiano." (p. 30-31)

Boa leitura!

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